O nosso caráter, nossa forma de pensar, a maneira com que nos relacionamos com a natureza, nossa intelectualidade, moralidade e instituições continuam terrivelmente afetadas pelas influências de mais de três séculos de escravidão e genocídio contra os negros e os povos originários do Brasil.
O paraíso está em chamas, nossos jovens estão morrendo, nossos trabalhadores sem esperança e as instituições nem sempre correspondem aos anseios desse povo sofrido.
O improviso foi o nosso jeito de sobreviver às sucessivas rupturas que impossibilitaram a estabilidade e o desenvolvimento do país.
Nossa geração é herdeira de um passado de muitas lutas e inspirados por grandes brasileiros do passado prosseguimos na obra de anular os efeitos do escravismo, machismo e outras violências que estruturam o Brasil.
Enquanto colhemos as conquistas plantadas com muito sangue e suor dos nossos antepassados, continuamos semeando o futuro, para que em breve, essa terra finalmente pertença a todos, onde todos terão oportunidades de produzir, que haverá liberdade para amar de todas as formas e sem medo, de escolher e não ser obrigado a se conformar, de simplesmente ser quem somos, de viver um sonho onde a democracia que era mito se transformou em realidade.
Nossa luta é dirigida contra uma instituição e não contra pessoas, atacamos o fantasma do senhor que continua a nos assombrar e nos aprisionar em um violento atraso que ceifa toda forma de vida e de sonhos. Existimos para terminar a obra da abolição.
E humildemente esperamos ajudar a fortalecer o diálogo sem transigir com a injustiça, democratizar o acesso ao conhecimento, decolonizar o saber e potencializar uma geração de novas lideranças sensíveis aos problemas e potencialidades do Brasil.
Não existe um povo sem um sonho comum, assim como não existe paz sem justiça.
Só a emancipação total pode concorrer para a grande obra de uma pátria comum e por isso esperamos somar à união de esforços de milhões de brasileiros que lutam para sobreviver no paraíso e esperamos ser bem sucedidos nessa obra.
Revisitamos a história para agir no presente e construir um futuro promissor para toda a juventude, oferecendo oportunidades e reduzindo as desigualdades sociais.
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